VIEIRA, Patricio De Albuquerque. . Anais IV CONEDU... Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/38913>. Acesso em: 22/11/2024 07:34
A prostituição é a prática consciente da negociação/troca do corpo por dinheiro ou por outra compensação financeira e/ou material, com a possibilidade de infinitos parceiros e de experiências sexuais diversas. Na sociedade brasileira do século XIX, a prostituição configurava-se como uma realidade complexa, múltipla e contraditória e que compreendê-la tornava-se uma atividade difícil em razão dos preconceitos morais construídos historicamente, os quais levaram a sociedade a associar a figura da prostituta à vadiagem, à mendicância e ao alcoolismo, atirando-a no âmbito da desordem moral e social. Nessa época, a prostituição foi vista como desvio, concepção esta que se fundamentou nas reflexões médicas de higienização e à prostituta coube o rótulo de degenerada, decaída, mulher sexualmente doente e que, por esta razão, deveria ser afastada da convivência das “boas famílias”, pagando um alto preço por sua condição social, graças às leituras negativas e preconceituosas sobre a prostituição ensejadas pelos médicos que comungaram, resignadamente, dos valores patriarcais, colaborando para a condenação e a marginalização das putas. Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo tecer algumas considerações acerca da prostituição de mulheres sob a perspectiva do discurso médico. Partimos das relações econômicas que envolvem a prática prostituinte na sociedade, considerando a literatura acerca da atuação de meretrizes no século XIX. Para tal, fundamentamos as nossas reflexões nos aportes teóricos de Carmo (2011), Del Priore (2011), Engel (2004), Pereira (1976), Vieira (2016), entre outros. As nossas reflexões sinalizam para a censura, as privações e a negação dos direitos cívicos e humanos sofridas pela mulher que mercantilizava o corpo para sobreviver.