Os filmes históricos sobre a escravidão africana no Brasil podem ser uma ponte de análise da sociedade escravocrata na medida em que apontam para as condições sócio-política-econômica que oportunizaram as obras, proporcionando uma mediação de representações, permitindo discursos plurais sobre os temas abordados. O objetivo geral desta pesquisa é analisar as representações mediadas por filmes históricos sobre a escravidão africana nos séculos XVI e XVII no Brasil, entre jovens do oitavo ano do Ensino Fundamental da Educação Básica, com base nos filmes “Xica da Silva” (dir. Carlos Diegues, 1976) e “Ganga Zumba” (dir. Carlos Diegues, 1963). Os objetivos específicos são: identificar como os jovens identificam a verdade na história a partir da comparação que estabelecem entre as narrativas historiográficas e fílmicas sobre a escravidão; discutir a (não) interferência do marcador identitário de gênero na forma como os jovens representam as experiências de escravidão feminina e masculina nos filmes históricos; e analisar como o conhecimento sobre a temática escravidão, oportunizado pelas narrativas dos professores de história e dos filmes históricos, organizam a consciência histórica do jovem em termos da relação que estabelecem entre passado, presente e futuro. A abordagem utilizada nesta pesquisa foi de caráter qualitativo. Tratou-se inicialmente da clipagem dos filmes e a partir daí um roteiro de entrevista foi elaborado para ser aplicado com o grupo focal da pesquisa, após a visualização desses clipes. Esse grupo focal foi formado por nove (9) alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Olímpia Souto, na Cidade de Esperança-PB. Para analisar os dados da entrevista, buscamos fundamento em Rüsen (2010a, 2010b) no que se refere à história e consciência histórica, Fanon (1968, 2008) no que se refere à condição do negro desde a escravidão até a contemporaneidade, Figueira (2009) no que se refere a escravidão africana no Brasil Colonial, Ferro (1992) e Logny (2009) no uso do cinema como fonte histórica, e Chartier (1991) no que se refere à representação. Os resultados da pesquisa demonstram que os jovens representam a escravidão africana nos séculos XVI e XVII no Brasil a partir dos filmes exibidos, como uma vida predominantemente regada a “sofrimentos”, “castigos” e “tristezas”. As conclusões alcançadas apontam que os jovens significam como “verdades” históricas os conteúdos abordados nos filmes e encontram nesta temática da escravidão abordada, a relação entre o passado, o presente e o futuro.