Na história da educação especial, o pioneirismo, no uso da intervenção pedagógica com pessoas com deficiência, pertence a Jean Marc Gaspard Itard (1774-1838), médico francês, que devido sua experiência educativa com Victor, o “Selvagem do Aveyron”, defendia a tese de que o menino não era acometido por deficiência intelectual, e que suas dificuldades eram devidas ao isolamento em que vivera até ser encontrado. No entanto, ao realizar o estudo e análise das primeiras experiências de escolarização de crianças com deficiência, a partir do século XVIII, encontrou-se no trabalho de Jacob Rodrigues Pereira (1715-1780) a primeira sistematização de um plano educacional individualizado para o atendimento de crianças com deficiência. Jacob Rodrigues Pereira, conhecido na história também como Perèire, foi o criador de um revolucionário método para ensinar linguagem a pessoas surdas. Seu método consistia em ensinar a articulação de fonemas e palavras a partir da sensação tátil, visual e/ou auditiva e, principalmente, com base na memória dos movimentos datilológicos. Infelizmente, Pereira não publicou seus estudos, sendo que seu método ficou conhecido devido ao testemunho de alguns de seus alunos e admiradores. Torna-se importante ressaltar, que a busca inicial por pistas do trabalho realizado por Jacob Rodrigues Pereira deu-se, inicialmente, por meio da leitura das obras de Edouard Séguin (1812-1880), médico e educador responsável por sistematizar um método de ensino para crianças com deficiência intelectual no século XIX. Séguin foi o primeiro a escrever um livro sobre a vida e o trabalho de Pereira, intitulado “Jacob Rodrigues Pereire. Premier Instituteur de sourds-muets en France (1744-1780). Notice sur sa vie et ses travaux, et analyse raisonnée de sa méthode précédées de l’Eloge de sa méthode par Buffon”, publicado em 1847. Nessa biografia, encontraram-se relatos riquíssimos que contribuíram para a compreensão do método de ensino de Pereira com educandos surdos. Pereira, antes de iniciar o trabalho de escolarização de seus alunos, elaborava documentos, em forma de convenções, descrevendo todos os passos do seu trabalho. Verificou-se que a convenção assinada por Pereira e o pai de um de seus alunos surdos, nada mais era do que o planejamento de suas atividades, que podem ser consideradas eminentemente pedagógicas. Ressalta-se, também, que o título de pioneiro na elaboração de um plano de intervenção pedagógica que, até o momento, pertencia a Jean Marc Gaspard Itard, pertencerá a Jacob Rodrigues Pereira, até que se encontrem documentos que atestem a existência de outro educador mais antigo, o que é sempre esperado na história.