Esta pesquisa teve como campo, a tríplice fronteira amazônica, que contempla três cidades de diferentes nacionalidades: Letícia – Colômbia, Santa Rosa – Peru e Tabatinga – Brasil. Entendemos que as escolas desta região são “escolas fronteiriças” por estarem localizadas em região de fronteira. É fato que se trata de uma região fortemente marcada pela diversidade cultural. Pelo fácil acesso entre as cidades, há presença das três nacionalidades nas escolas da região, o que nos motiva a pensar em como os currículos dessas escolas expressam as diferentes culturas. A escolha deste tema surgiu de um pensamento e olhar focalizado no interesse em entender como os currículos das escolas da Tríplice Fronteira Amazônica (Brasil/Colômbia/Peru) expressam a cultura, identidade e diferença dos seus praticantes. Com a diversidade cultural fortemente marcada neste espaço fronteiriço, nota-se o quanto é significativo buscar entender como o aluno estrangeiro está inserido no contexto dessas escolas. A pesquisa se desenvolveu com estudo de campo em uma escola de cada município, (totalizando três escolas). A seleção das escolas levou em conta a quantidade e/ou histórico de alunos estrangeiros pertencentes a essas instituições. Foi realizado um mergulho no cotidiano dessas escolas (segundo os estudos nos/dos/com os cotidianos) que aconteceu inicialmente três vezes por semana em torno de dois meses em cada escola, a pesquisa foi concretizada em todo ambiente da escola, porém mais precisamente em sala de aula, onde os alunos passam a maior parte do tempo. Estive como praticante do currículo dessas escolas em todos os espaços: salas de aula, sala da direção, refeitório, pátio, banheiros, quadra, etc. Buscando oportunidades para diálogos com funcionários da escola em geral. Este estudo permitiu a compreensão da dinâmica da tríplice fronteira amazônica, constatou-se a presença de alunos estrangeiros nas escolas da região, percebeu-se diferentes identidades dos sujeitos praticantes do espaço escolar, porém, identidades invisibilizadas pela desvalorização da diferença e a negação do outro. Acredita-se que falar de escolas fronteiriças e considerar as diferentes culturas em favor de um contexto democrático, requer pensar no ato de não apenas reconhecer a existência de outras culturas, considerando-as sujeitas a uma cultura dominante, mas de partir do princípio da interculturalidade, que além de reconhecer a diversidade cultural, celebra a diferença e não apenas tolera, mas, também permite o enriquecimento recíproco, mútuo entre culturas. Por isso, acredita-se na interculturalidade como um fundamento para a educação democrática em escolas fronteiriças.