As ideias de Gramsci foram fundamentais para a preservação do marxismo. Esse pensador italiano viveu em um contexto profundamente marcado pela instabilidade social e política na Itália, entre as duas guerras mundiais. Gramsci vivenciou a exploração e miséria da massa de trabalhadores do campo e da cidade, e não se conteve em apenas observar aquela situação. Engajando-se na luta sindical e partidária, ele foi de encontro ao conservadorismo italiano que tinha no fascismo então hegemônico, a convergência ideológica e política capaz de manipular as massas para manter aquele status quo. Mesmo perseguido e encarcerado pelos fascistas italianos, Gramsci não se permitiu em abandonar a sua luta epistemológica e política em vista da transformação da sociedade pelo marxismo. As suas teses vão de encontro a alguns revisores do marxismo, como os defensores daquilo que Gramsci entende por bizantinismo e reformistas, por estes distorcerem as ideias de Marx e Engels. O bizantinismo e o reformismo promoviam uma ruptura entre teoria e prática cuja consequência era a geração de conformismos entre os militantes e ativistas. Para romper com a fragmentação dos saberes, Gramsci propôs a filosofia da práxis, que era um tipo de filosofia marxista que unia epistemologia e política. O caminho para a filosofia da práxis passava pela valorização do saber do senso comum, também chamada de filosofia popular. Contudo, dada a carência desse saber ocasional em compreender a realidade de forma desagregada, era necessária a junção com métodos mais rigorosos de compreensão da realidade. Dessa forma, Gramsci ao unir conhecimento e ação favoreceu a formação de novos quadros de intelectuais para defenderem os anseios e a luta dos setores menos privilegiados. A ideia era a de formar uma nova cultura política por meio da universalização da filosofia da práxis para preparar a revolução e a emancipação do humano.