O presente trabalho busca articular o aparecimento da epidemia de peste bubônica na cidade de Vitória da Conquista, interior baiano, entre 1927 e 1928, com as relações políticas, as condições de vida da população local e a estrutura de saúde existente no período. O surto de peste bubônica atingiu o Brasil em 1899 e a Bahia em 1904, alastrando-se para o interior do estado na década seguinte. Buscamos contribuir com estudos acerca da história da saúde e das doenças no interior do Brasil, haja vista que já há uma importante produção sobre boa parte das capitais brasileiras. A pesquisa se baseou nos jornais que circulavam na Bahia do período, nas atas do Conselho Municipal, nos registros de óbito e na bibliografia existente sobre a temática no Brasil e na América Latina. Partimos da compreensão de que o fenômeno epidêmico é capaz de revelar as práticas sociais, as relações políticas e a imagem que uma sociedade tem de si mesma. Concluímos que a epidemia revelou a inexistência de uma assistência médica-hospitalar na cidade, as rivalidades políticas que, em muitos momentos, dificultaram o combate à doença, e o cotidiano de uma cidade afetada pela peste.