O presente artigo parte da concepção freiriana do valor social e formativo da leitura do mundo como base de atuação crítica e social na comunidade. A leitura do mundo é disposta como etapa subjacente ao domínio da decodificação leitora e caracterizada como ferramenta de compreensão social e cultural. Na atualidade, em meio a tantas informações, aprender a ler e a escrever constituem-se como ferramentas iniciais que levam o cidadão/cidadã à apreensão crítica de seu meio, motivando-a à uma mobilização para transformação. Sabendo da sua importância, especialmente na construção da consciência cidadã, tal conceitualização enfrenta resistências no plano nacional, sendo a estrutura política clientelista o desafio presentemente abordado. À esta estrutura, destaca-se seu atravessamento histórico e engendramento nos espaços escolares, influenciando a dinâmica pedagógica e pondo em pauta os jogos de poder envolvidos, principalmente no domínio do ensino da alfabetização e da leitura do mundo. São utilizados Freire (2011), Carvalho (1997) e Müller (2020) como principais aportes teóricos para a discussão levantada. Assim, destaca-se como principais resultados a potencialidade influenciadora do clientelismo na inibição do processo de leitura do mundo devido à sua presença nas instituições de ensino públicas. Esse fator ocorre por meio do apadrinhamento político; o qual acarreta, consequentemente, na aplicação de práticas pedagógicas inadequadas às reais necessidades escolares.