A comunidade surda frequentemente experimenta o sentimento de não pertencimento e exclusão dos mais diversos campos da sociedade, em particular no espaço escolar. Durante anos a psicologia se distanciou do público surdo, por embasar-se em moldes clínicos da psiquiatria, assim, o surdo era inserido na visão psicológica enquanto ser incapacitante. Com os avanços dos estudos socioantropológicos, a ciência psicológica, hoje, busca novas possibilidades de aproximação, ao levar em conta a historicidade de cada, experiências vivenciadas positivamente e negativamente, ou seja, um olhar para a subjetividade a partir da Língua Brasileira de Sinais. O presente trabalho apresenta um relato de experiência de uma profissional da psicologia, bilíngue em Língua Brasileira de Sinais, que acompanhou semanalmente um projeto destinado aos alunos surdos de uma escola na rede pública de ensino no município Quixeramobim-CE. A atuação direta com os alunos surdos permitiu a identificação de diversas demandas emocionais e de comportamento. A experiência revelou a importância de um suporte psicológico especializado para a educação básica, especialmente para alunos surdos, ao proporcionar um espaço seguro e acolhedor. Além disso, destacou a necessidade de capacitação contínua de professores e demais integrantes da escola para lidar de forma eficaz com as particularidades da comunidade surda. O impacto positivo observado nos alunos surdos, como maior engajamento e melhor desempenho social, reforça a relevância de integrar profissionais bilíngues em Libras no ambiente escolar. Este estudo contribui para o campo da educação e psicologia, ao evidenciar a relevância e necessidade de práticas inclusivas e o papel crucial de uma abordagem interdisciplinar no atendimento às necessidades específicas dos alunos surdos.