Os problemas socioambientais globais ameaçam a sobrevivência dos seres vivos e dos ecossistemas, assumindo prioridade nas agendas internacionais. A produção e gestão inapropriadas dos resíduos sólidos é um dos desafios. Globalmente, 2,01 bilhões de toneladas de resíduos foram produzidas em 2016, e um terço desses foi despejado a céu aberto. No Brasil, a produção de resíduos é alta: foram produzidas 81,8 milhões de toneladas de resíduos em 2022, sendo somente 4% reciclados. A má gestão dos resíduos polui o solo, ar e água, além de favorecer a propagação de doenças, gerando custos ambientais e sanitários de bilhões de dólares/ano. O descarte inapropriado dos resíduos afeta as comunidades socioambientalmente vulneráveis, exacerbando as injustiças ambientais. Diante de uma questão socioambiental ampla e complexa como a gestão de resíduos, é necessário uma conscientização para além de descartar o lixo na lixeira. Nesse cenário, a escola é um espaço privilegiado para a discussão dos resíduos, por ser um ambiente de formação cidadã desde a infância. Nessa perspectiva, desenvolvemos uma revisão narrativa para discutir como o tema dos resíduos tem sido abordado no currículo do ensino básico brasileiro, dialogando com Layrargues, Guimarães e outros autores que discutem a educação ambiental crítica. Observamos que na Base Nacional Comum Curricular, o tema aparece nas competências de diferentes anos e disciplinas da Educação Básica e nos temas contemporâneos transversais de forma pragmática, com foco na responsabilidade individual da gestão dos resíduos e do consumo consciente. Para abordar os resíduos de forma crítica, é essencial considerar não apenas o descarte e o consumo de mercadorias, mas também a extração, produção e distribuição de recursos, além dos conflitos socioambientais gerados. Essa abordagem sistêmica pode contribuir para formar jovens comprometidos com as questões socioambientais, contribuindo para o enfrentamento consciente e fundamentado da problemática dos resíduos no nosso meio.