A mulher vem alcançando cada vez mais espaço no mundo do trabalho e nos meios acadêmicos. Porém, não são poucos os desafios enfrentados por elas diante da necessidade de exercerem múltiplos papeis na sociedade contemporânea. A mulher migrou para o trabalho externo e assalariado, mas o trabalho doméstico e o cuidado ainda permanecem exclusivamente delas. São raros os casos nos quais os companheiros homens dividem igualmente as responsabilidades pelo trabalho doméstico e os cuidados com os filhos. A presente pesquisa aborda o fenômeno do Labirinto de Cristal, preconizado por Lima (2013), no qual evidencia as dificuldades das mulheres para se inserirem e se manterem no mercado de trabalho; a Divisão Sexual do Trabalho que relega a mulher os afazeres domésticos como nos dizem Hirata e Kérgoat (2007) e o trabalho do Care, que as coloca como a principais responsáveis pelos cuidados dos filhos. Tendo como sujeitos da pesquisa empírica mulheres que são mães, trabalhadoras assalariadas e estudantes do Curso Técnico em Enfermagem de um Instituto Federal de Ciências e Tecnologia de Minas Gerais, foram investigados os desafios enfrentados por elas no seu trabalho múltiplo (Guimarães, 2017) como profissionais, estudantes, donas de casa e cuidadoras dos filhos. Foram realizadas entrevistas semi estruturadas e, recortes dos discursos dessas mulheres, foram analisados à luz das teorias de base materialista originadas no feminismo francês. Os achados revelam que, não obstante a carga extenuante que carregam e dos múltiplos trabalhos realizados, são justamente a maternidade e o cuidado com os filhos que impulsionam e fortalecem essas mulheres na busca pela formação profissional, para dessa forma se qualificarem e terem mais oportunidade no mercado de trabalho.