A intervenção das professoras no ensino infantil é crucial para o desenvolvimento das crianças, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento cognitivo nos anos pré-escolares. No entanto, essa dedicação muitas vezes se dá em detrimento do próprio bem-estar das professoras. Evidencia-se que a maioria das profissionais nessa área são mulheres, que, além de seu trabalho como educadoras, também têm responsabilidades familiares e domésticas, desempenhando o trabalho de cuidado determinado pelo papel de gênero. Essa carga adicional de cuidados frequentemente as coloca em uma situação de desgaste semelhante ao mito de Sísifo, que diariamente carrega o fardo de sua exploração humana. A repetição constante e inquestionável dessa dedicação total ao outro pode levar as professoras de ensino infantil à exaustão mental, com a anulação do eu. Este trabalho investiga as relações do cuidado e da produção de sofrimento em professoras do ensino infantil no contexto escolar da rede pública de ensino. A repetição contínua e inquestionável do comprometimento total com o bem-estar das crianças muito pequenas é um fardo que compromete a saúde e o bem-estar integral das professoras. Foi observado que as profissionais percebem e reconhecem que a qualidade de vida e o equilíbrio entre o cuidado com os outros e o autocuidado são fundamentais para garantir seu desempenho de forma eficaz e saudável. Entretanto, sentem que a hierarquia educacional não se atenta à redução dos danos na função do cuidado, não tocando nesses aspectos de forma substancial, fazendo com que todos os dias tenham que seguir com a incumbência de Sísifo, conscientes de sua opressão, mas sem condições de libertação.