Em face à implementação de uma agenda neoliberal de reformas na educação brasileira, este trabalho busca refletir sobre os desafios e as possibilidades de ensinar e aprender ciências humanas em face ao contexto sociopolítico brasileiro recente, e de materialização da Reforma do Ensino médio e seus desdobramentos nas escolas. De maneira mais específica, a reflexão aqui proposta se dará com base nas percepções dos professores de uma escola estadual de educação profissional do Ceará, em torno das práticas pedagógicas e da abordagem didática das disciplinas que formam as ciências humanas no âmbito escolar (Sociologia, Filosofia, História e Geografia), e eventuais associações a conteúdos considerados polêmicos, quando confrontados com discursos reacionários de viés religioso e moralizante de direita. O referencial teórico adotado nesta investigação contempla alguns professores-pesquisadores da área de Ciências Humanas que problematizaram a ascensão de políticas neoliberais e antidemocráticas no campo escolar, como Michel Apple e Christian Laval. As narrativas dos professores coletadas em grupo focal refletem sobre como ocorre na prática a reprodução da lógica neoliberal e neoconservadora na educação pública, seja pela ênfase economicista ou pela vigilância ideológica do currículo, ambas consideram muitos saberes científicos como desnecessários ou indesejáveis para as escolas. Sendo assim, evidencia-se nas políticas educacionais brasileiras a mudança no enfoque da formação “cidadã e humanística” mais ampla para um ensino cada vez mais técnico e voltado às necessidades do mercado de trabalho.