Na desafiadora conjuntura atual da educação e na esperançosa perspectiva para o futuro, pensar sobre os meandros vividos durante a pandemia de Covid-19 em todo o mundo e em todos os campos que cerceiam a vida cotidiana — a saúde, a economia, a política, e em especial, a educação — é indispensável. A disseminação do recente vírus da Covid-19 provocou e acentuou uma série de desigualdades, dentre elas, um vírus histórico, tal qual o fracasso escolar (PATTO, 2015), que se manifesta por meio da repetência, da distorção idade-série, do déficit de aprendizagem, etc. Desse modo, este trabalho tem como objetivo investigar as possíveis desigualdades de oportunidades educacionais no âmbito das aprendizagens da Língua Portuguesa, seja por fatores internos ou externos ao ambiente escolar. Para isso, o trabalho tem como base uma pesquisa qualitativa, de abordagem etnográfica, ancorada em André (1995), Magnani (2002), Corsaro (2005), Mattos (2011), Minayo (2004), dentre outros. O aporte teórico deste estudo tem como base Bourdieu (1998), Foucault (1999), Sacristán (2000) e Freitas (2007). Para o desenvolvimento da pesquisa, está sendo realizado um trabalho de campo em duas escolas públicas no município de São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro. Na primeira escola, que é estadual, em 2023, foram acompanhadas turmas de 9.° ano do Ensino Fundamental. Na segunda escola, que é da rede municipal, iniciamos a coleta de dados em 2024. A partir das análises preliminares, as evidências coletadas indicam que, na primeira fase da pesquisa, a sala de aula se configurava como um espaço de controle sobre os alunos, tornando-os dóceis, através da “maquinaria escolar”, de modo que reproduzia mecanismos de exclusão para estes alunos, que se encontravam em situação de vulnerabilidade socioeconômica.