A narrativa tradicional da história medieval baseada em uma perspectiva de matriz iluminista reproduziu e popularizou o período como uma "Idade das Trevas", caracterizado pelo obscurantismo religioso, onde a igreja detinha um grande poder de controle e suprimia o pensamento racional. As representações históricas sobre as mulheres medievais frequentemente seguiam esta mesma linha interpretativa levando-as a serem vítimas de distorções históricas. O ensino de História e a cultura histórica de nossa sociedade frequentemente perpetuam equívocos sobre a história das mulheres medievais, com uma perspectiva historiográfica predominantemente masculina, que retrata as mulheres como subjugadas pelos homens e pela igreja. Como resultado, a percepção de senso comum, sem o devido refinamento analítico do conhecimento histórico sobre as mulheres medievais, é de que elas sempre foram dominadas pela igreja e pelos homens. Isso se reflete nos memes medievais, onde a imagem da mulher é frequentemente associada ao sofrimento e à subalternidade, especialmente em relação à caça às bruxas, um evento que somente se intensificou durante a Primeira Modernidade. Com isso em mente, o objetivo deste trabalho é utilizar os memes como uma forma contemporânea de linguagem para ressignificar a aprendizagem histórica sobre os papéis das mulheres na sociedade medieval, que poderiam variar desde gestoras de espaços de sociabilidade feminina até mesmo o de intelectuais e políticas. Para a construção deste artigo foi usado como base os estudos da didática da história de Jörn Rüsen e a pedagogia da autonomia de Paulo Freire.