Este trabalho é resultado do projeto Prodocência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) intitulado “A Sociologia frente à Reforma do Ensino Médio, às reformas curriculares e aos novos livros didáticos”. Partimos do estudo da literatura dos últimos anos sobre a reforma do Ensino Médio (Lei 13.415/2017), da Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2018), dos novos livros didáticos, assim como da conjuntura política, social e econômica de perspectiva liberal que está por trás deste movimento de reformas. Para este trabalho em particular, observamos os documentos educacionais envolvidos, a investigação do lugar da Sociologia nos currículos das redes pública e privada do estado do Rio de Janeiro e as entrevistas com docentes de Sociologia e coordenadores pedagógicos/sujeitos em posição equivalente. No primeiro semestre de 2023 foram entrevistados nove profissionais, seis vinculados à rede pública e três à rede privada do estado fluminense, principalmente da capital. Considerando a proposta deste artigo, temos as seguintes conclusões parciais: a) A BNCC, ao focar nas competências e habilidades, desconsidera o caráter de disciplina escolar e prejudica a apropriação do conteúdo conceitual pelos estudantes, o que também é destacado nas entrevistas; b) Projeto de Vida é um campo inicialmente em disputa e apenas um dos livros atuais foi escrito por sociólogo; c) Docentes de Sociologia das escolas estaduais estão lecionando Projeto de Vida, que tem 2 tempos em cada série do Ensino Médio, enquanto Sociologia tem apenas 2 tempos no terceiro ano; d) Muitos colégios particulares estão adaptando Projeto de Vida a outras propostas de formação realizadas no espaço da escola; e) O currículo da SEEDUC é abrangente, mas não garante acesso dos estudantes a variedade de itinerários formativos alegada pela reforma; f) Muitos colégios particulares, com foco no ENEM, alteraram a nomenclatura das disciplinas, mas seguem garantindo aos discentes acesso ao conteúdo tradicional.