As políticas culturais pensadas para o contexto das escolas estaduais do campo no estado da Bahia trazem como desafio a consolidação da própria identidade da escola enquanto projeto dos coletivos que fazem parte dos vários cenários de lutas em todo o território nacional. As escolas enquanto presença do estado nas comunidades campesinas são ao mesmo tempo ferramentas de emancipação dos sujeitos e grupos sociais e entidade reprodutora das desigualdades e injustiças. Ao reivindicarem seu espaço e o atendimento das suas especificidades, os coletivos de lutas encontram na cultura a referencialidade de lugar de onde partir, chão onde pisar. Entretanto o desafio que se coloca para o cenário de implementação das políticas culturais no âmbito educacional da educação do campo é não olharmos para este lugar com um olhar engessado ou apequenado, que vê as políticas apenas como práticas pontuais, esvaziadas de sentido, da materialidade que regula a vida cotidiana dos sujeitos. Há muito a ser feito nessa seara, apesar do grande número de políticas setoriais postas em ação desde há alguns anos, graças ao esforço e insistência dos movimentos sociais que compõem o coletivo de lutas organizado em prol das pautas das comunidades camponesas, ainda há a necessidade de consolidação dessas lutas bem como das conquistas obtidas. A fragilidade das nossas instituições, bem como das políticas nacionais e estaduais, que se fragmentam e esvaziam a cada troca de governos ou mudanças na gestão, faz com que este seja um eterno recomeçar e retomar dos processos de mudança em curso.