O presente artigo pretende apresentar representações de femininas negras em “Melanctha” (1909), de Gertrude Stein, em especial a construção da personagem Rose, negra retinta, em contraponto à protagonista, negra clara. A metodologia utilizada será o Plurivocalismo Bakhtiniano, expressão chave que engloba os múltiplos discursos existentes na narrativa por meio de vozes, que se expressam e dialogam dentro do enunciado; a presente pesquisa privilegiará as vozes enviesadas no discurso do Feminismo Negro, que discutem as múltiplas representações das mulheres negras em mídias criadas por brancos. Como resultados, obtivemos que a narrador apresenta uma representação estereotipada da melhor amiga da protagonista, Rose, em razão de ser caracterizada como uma mulher negra retinta e, portanto, é animalizada. Em contraponto, Melanctha é construída como uma mulher elegante e querida, em razão de seu privilégio por ser considerada quase branca. Como considerações finais, a partir das análises realizadas podemos concluir que Stein utilizou o Cubismo Literário e suas técnicas para narrar a história de uma personagem negra em meio a uma comunidade racista de forma tendenciosa, reproduzindo signos e símbolos racialmente controversos.