Analisar sob uma visão crítica a questão racial no Brasil foi e tem sido difícil, isto porque o país apresenta uma autoimagem de uma nação racialmente democrática. Para combater e superar manifestações de racismo, preconceito, discriminação e intolerância religiosa, além de propor mudança efetiva comportamental na busca de uma sociedade democrática e plural, como resultado de um processo histórico de lutas, foram apresentadas desde o início do século XXI, novos marcos legais, no tocante à diversidade cultural e a educação antirracista. Cabe lembrarmos que os novos marcos legais não surgiram do nada. É o resultado de lutas históricas e de pressões do Movimento Negro e demais integrantes da sociedade civil, por uma educação mais includente e não racista Diante deste contexto, o artigo visa discutir sobre o Ensino religioso e a Questão Racial no Amapá. Busca-se no decorrer deste trabalho analisar os saberes, os valores e as práticas curriculares e pedagógicas na educação pública estadual, confrontando o trato deste componente com a implementação dos artigos 26-A e 79-B da LDBEN (Leis 10.639/2003 e 11.645/2008), bem como o que preconiza as demais legislações amapaenses. O trabalho trata-se do resultado de um estudo exploratório de natureza qualitativa que adotou a pesquisa bibliográfica e a análise documental como forma de investigação. O estudo demonstrou que do ponto de vista prático, a relação Ensino Religioso e Questão Racial é insuficiente no que diz respeito a uma educação pautada na diversidade e na prática antirracista. Além disso, a prática curricular da disciplina, as orientações pedagógicas e os ensinamentos estão muitas vezes, delineados sob o viés cristão, sem qualquer alusão às práticas antirracistas.