O presente artigo tem por objetivo estabelecer diálogos e compreensões sobre a formação identitária de mulheres negras inseridas na realidade brasileira. Partindo de minhas próprias memórias, problematizo desafios acerca da formação da identidade da mulher negra brasileira diante da realidade de inserção num contexto social racista, em que o imaginário social está fortemente vinculado, ao ainda difuso, mito da democracia racial. Para tal, tenciono reflexões acerca do apagamento da História e cultura afro-brasileira, colocando em evidência a romantização da colonização, junto à problemática impelida pelo acesso e conhecimento restrito a uma História unilateral e eurocentrada, que insiste em colocar o colonizador como herói. No artigo assentam-se ainda problematizações sobre a importância do letramento racial para pessoas negras e não negras, articulando também reflexões sobre como a falta de conhecimento histórico-crítico, afeta as relações étnico-raciais cotidianas e consequentemente a formação identitária de mulheres negras. Para realizar a construção do presente estudo, recorri a episteme disposta por intelectuais como Kabengele Munaga (2005); Avta Brah (2006); Winnie Bueno (2020); Gislene Aparecida dos Santos (2002), Neusa Santos Souza (2021) entre outros. Assim, foi possível concluir que a formação identitária de mulheres negras no contexto brasileiro é uma formação fragmentada, com desafios e contornos próprios, que exige uma contínua de (des)construção de saberes.