Para que a luta antirracista tenha êxito é necessário que sejam constituídas práticas pedagógicas com o objetivo de desenvolver a consciência da ancestralidade negra nos/as discentes. Sendo assim, o presente texto objetiva refletir sobre o uso das escrevivências presentes nas histórias de vida de mulheres negras como instrumento para uma educação antirracista. Para tanto, o processo de investigação utilizado para a elaboração dessa pesquisa parte do paradigma qualitativo, com isso as relações humanas são analisadas para além do aspecto estritamente natural (SEVERINO, 2007), pois se prima pelas subjetividades, o que pode ser realizado através dos estudos (auto) biográficos. Nesse sentido, busca-se nas vivências da colaboradora da pesquisa que será mencionada como “Dona Morena”, meios para a elaboração dessa sistematização científica. Ademais esse estudo está pautado nas histórias de vida, na perspectiva de Marconi e Lakatos (2011) este método consiste em uma narração das experiências empíricas de uma pessoa, onde são revelados padrões culturais, percepções de mundo e das coisas. Destarte, as escrevivências são um meio de perseguir a vida e as memórias e escrevê-las (EVARISTO, 2022). As narrativas de mulheres negras são constantemente atravessadas pela dor do racismo, machismo e outras formas de opressão advindas do sistema capitalista, o que nos leva a uma análise interseccional dessa problemática. Outrossim, a Lei 10639/2003 ínsita que as práticas educacionais precisam estar em consonância com a luta antirracista. Desta maneira, propõe-se nesse texto que os sujeitos aprendentes sejam guiados em processos de pesquisa da história de vida de suas ancestrais negras, levando, assim, a uma reflexão das violências deixadas pelo racismo em suas histórias de vida. Portanto, as escrevivências de Dona Morena carregam consigo processos de opressão-emancipação contidos na sua trajetória de superação da condição de escravizada e das demais alforrias que precisou conquistar ao longo da vida.