No contexto escolar, o currículo é considerado uma importante instância educativa e um dispositivo pedagógico capaz de colocar em funcionamento diversas estratégias de regulação social. Tendo isso em conta, este trabalho pretende desenvolver-se, primeiramente, a partir da discussão sobre a criação, na Argentina, da Lei nº 26.150/2006, que institui a garantia de Educação Sexual Integral nos currículos escolares, reconhecendo essa demanda como política pública essencial para o contexto histórico, político e social do país. Em seguida, esta análise objetiva teorizar acerca das possibilidades de queerizar o currículo escolar para, por fim, discorrer sobre o processo de implementação e desenvolvimento de um projeto de educação sexual integrado ao currículo escolar de uma instituição pública de nível médio da cidade de La Plata/Buenos Aires. Com a finalidade de transcender o plano de conteúdos curriculares e propósitos formativos hegemônicos, o projeto foi criado com o objetivo de promover a reflexão crítica sobre as sexualidades e as expectativas de gênero que se propagam na sociedade, através da cultura dominante, e que incidem diretamente na educação das e dos jovens, caminhando para o combate às formas de opressão. Para isso, adotamos como perspectiva teórico-metodológica os estudos pós-críticos do currículo escolar e a perspectiva da pedagogia queer. Entendemos, portanto, que ações e práticas contra-hegemônicas no contexto escolar, apesar dos desafios enfrentados, podem criar linhas de escape no interior das instituições educativas, transformar experiências e conhecimentos e construir dispositivos curriculares democráticos e inclusivos.