A dança na escola tem experimentado uma atuação coadjuvante, encontrando-se marcantemente nos eventos institucionais, porém, ainda ausente de ações e trato pedagógico-educacional. Esta posição, pode ser justificada tanto pelas poucas vivências dos professores com a dança, como a defasagem da formação inicial, e sobretudo, a normatização do gênero implicada nesta prática corporal. Objetivou-se identificar os (des)interesses, bem como as motivações de estudantes quanto à tematização da dança nas aulas de Educação Física, imbricados sob a ótica de gênero e suas relações etnográficas. Trata-se de um estudo exploratório, de caso e de abordagem mista, desenvolvido com 62 estudantes, de todas as séries do Ensino Médio, de uma escola pública localizada na cidade de Quixeré/CE. Os dados foram coletados no período de março a abril de 2023, a partir de um questionário estruturado e analisados por estatística descritiva e análise de conteúdo. O interesse pela tematização da dança foi considerado por 29 (46,8%) estudantes (19 mulheres, 9 homens e 1 homem trans). Estas relações representativas fomentaram reflexões etnográficas importantes que estão ponderadas neste trabalho. A análise de conteúdo constituiu quatro categorias empíricas: 1. Libertação, expressão e musicalidade; 2. Não gosto... tenho vergonha; 3. Depende da dança; 4. Religiosidade como um fator limitador, que emergiram diante das justificativas ao (des)interesse. Estas categorias evidenciaram implicações que os discursos e dispositivos de gênero (e sexualidade) têm sobre os movimentos e as formas com que os corpos tendem a estar e ser na dança. Consideramos que na realidade investigada, as relações etnográficas sob a ótica de gênero contribuem para o (des)interesse pela dança nas aulas de Educação Física, apontando novos horizontes para essa tematização na escola.