A transexualidade e travestilidade são fenômenos que desafiam as convenções sociais, culturas e históricas e estão pautadas em ideais heteronormativos que, desse modo, tornam-se temas bastante complexos e que envolve corpo, identidade e gênero, pois o pertencimento à categoria transexual e travestis implica a identificação com o gênero oposto ao que lhe foi conferido socialmente ao nascer, sendo ainda possível transitar entre os gêneros feminino e masculino. Partindo de uma concepção ideológica da linguagem e do sujeito, esta investigação tem por objetivo principal desenvolver uma leitura hipermoderna das relações entre as categorias de peformatividade, afetos, intersecionalidade a partir da personagem do romance O parque das irmãs magníficas, de Camila Sosa Villada . Cabe ressaltar que, este estudo, ancora-se nas contribuições críticas do discurso Charaudeau (2016), Foucault (1979, 1988 e 2010) e, o que se refere aos pesquisadores da área de sexualidade e transfeminismo, buscou-se subsídios teóricos em Bento (2008; 2014), Butler (2003 e 2018) e Nascimento (2018). Do ponto de vista metodológico, este estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa de base interpretativa- descritivo (DENZIN; LINCOLN, 2006). A pesquisa assinalou como resultado fundamental que o sujeito travestis tem a categoria identidade como um conjunto de experiências descritivas do ser humano e que não é restrita a um aspecto ou às dicotomias de identidade de gênero, sexual e racial. O binarismo masculino/feminino pode ser considerado uma forma de controle e poder (FOUCAULT, 1979). No caso da personagem corpus desta investigação, ela foi marginalizada, como travesti e escrever sobre si, poder exercer a autonomia de uma primeira pessoa, tornar o seu discurso legível, além de autoafirmação, tudo isso é contranormativo e antiopressivo, pois constitui a superação da tradição do silêncio, ou mesmo, do silenciamento do sujeito LGBTQIA+, principalmente, no espaço literário contemporâneo.