Este trabalho insere-se em uma linha de pesquisa da Crítica Feminista que tem buscado revisitar os contos de fadas tradicionais a fim de que sejam feitas análises críticas dos padrões de construção das personagens femininas dessas histórias a partir da compreensão de que é latente a necessidade de reescrita, uma vez que esses padrões perpetuam arquétipos patriarcais acerca do ser mulher. Para tanto, optamos pela escolha de um corpus teórico escrito por mulheres visando que as problemáticas sobre a construção das personagens femininas e a noção de mulher sejam ancoradas em pressupostos cunhados por autoras que se baseiam na Crítica Feminista, como Scott (1986), Beauvoir (2016) e Xavier (1998). Debruçamo-nos, portanto, não só em obras da teoria crítica feminista que nos explicam quais são esses arquétipos patriarcais presentes nos contos de fadas tradicionais e como eles se estruturam, como também na produção de Maria Cristina Martins (2015) acerca dos revisionismos feministas e como se apresentam os novos contos de fadas. Além disso, para embasar teoricamente a discussão a respeito do papel da literatura, utilizamos os estudos de Zilberman (1985) e Coelho (2012) com o propósito de tornar clara a influência que padrões patriarcais perpetuados nas histórias tradicionais têm para a construção da consciência de mundo de crianças e adolescentes que consomem a literatura infantil e juvenil.