Este trabalho se ocupa de investigar evocações da linguagem neutra/não-binária (LNB) na prática curricular de Português do Ensino Médio. Ele encontra abrigo praxeológico nos estudos críticos do discurso (CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 2003), mas também em estudos queer (NASCIMENTO et al, 2021; VIDARTE, 2020, BUTLER, 2003, MISKOLCI, 2015) e em pesquisas sobre designação de gênero na língua portuguesa (ARAÚJO, 2019; MELO, 2022). Meu objetivo é compreender como manifestações recorrentes de LNB na língua portuguesa do Brasil são absorvidas pelo currículo escolar de escolas em Pernambuco. Tomo como hipótese o apagamento curricular de uma didatização afirmativa sobre os modos disruptivos de gênero, além de uma pedagogia de silenciamento desses modos e, consequentemente, das identidades que os pleiteiam. A pergunta-condutora desta pesquisa é: Como a escola apresenta esses modos de disrupção? Tem os acolhido? O trabalho ainda está em fase de desenvolvimento e acontece o tempo inteiro dialogado não apenas com as leituras das referências mencionadas, mas também com interlocuções feitas com pessoas dissidentes de gênero, que colaboram com a pesquisa em leituras sensíveis. Procedo também a uma hermenêutica atenta de textos sobre estudos gramaticais da língua portuguesa no Brasil, de abordagens tanto descritivo-normativas quanto apenas descritivas, a exemplo de Bechara (1999), Perini (2010) e Bagno (2011). No Conedu, pretendo apresentar um artigo com as bases dessa pesquisa e relatar as experiências já desenvolvidas. Espero que este estudo possa contribuir não apenas para investigarmos usos do português brasileiro e analisarmos discursos agenciadores de novas performances de gênero na escola, mas também colabore para a desconstrução de violências históricas aos corpos que escapam às normas de gênero.