As mulheres são a maior parte da população com ensino superior no país, conforme as “Estatísticas de Gênero: Indicadores sociais das mulheres no Brasil”, publicadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2021. Em levantamento divulgado em 2018, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) constatou que a distância percentual entre homens e mulheres matriculados em cursos de pós-graduação – mestrado, mestrado profissional e doutorado – era de aproximadamente 19%, quando dados de 2016 evidenciaram mais de 165 mil alunas em comparação a pouco mais de 138 mil alunos em tais níveis de ensino. Não obstante, a maior inserção de mulheres na carreira acadêmica não lhes conferiu prevalência nos cargos docentes nem primazia nas possibilidades de fomento à pesquisa e à inovação no país. Pesquisas anteriores demonstraram que, em se tratando da concessão de bolsas de produtividade em pesquisa, a desigualdade de gênero permanece como realidade na produção científica do Brasil. Neste trabalho, buscar-se-á analisar a distribuição atual das bolsas de produtividade em pesquisa concedidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) entre homens e mulheres. Considerando a histórica disparidade no tocante à inserção de mulheres em determinadas áreas do conhecimento, também se torna relevante examinar em quais delas há maior e menor participação de mulheres tendo em conta o financiamento científico. De modo análogo, buscar-se-á investigar se a disposição das bolsas de produtividade entre professores(as) de ensino superior considerando a natureza administrativa das instituições e as regiões do país. Objetiva-se, desse modo, evidenciar a [falta de] contemplação de mulheres nas políticas de fomento à pesquisa e à inovação, os desafios relacionados a esse cenário e a distribuição espacial dos incentivos a pesquisadores(as) em se tratando de produtividade acadêmica no contexto da educação superior brasileira.