Pode-se dizer que uma criança está alfabetizada quando ela se apropria das ferramentas de escrita, quando compreende que a grafia é a representação dos sons da fala e consegue fazer essa relação de maneira autônoma. Esta afirmação é coerente quando estamos falando de crianças ouvintes, porém, quando se trata de alfabetização de crianças surdas as dúvidas em relação às concepções teóricas e aos métodos de ensino da escrita e da leitura se multiplicam. Além da crucial diferença de não se utilizar o som como base para a alfabetização de crianças surdas, há também a questão do atraso na aquisição da língua de sinais (sua língua natural) e a defasagem de conhecimento de mundo em relação às crianças ouvintes. Este estudo tem como objetivo realizar uma discussão sobre os fundamentos teórico-metodológicos da alfabetização e do letramento, utilizados amplamente com crianças ouvintes, e as concepções da Abordagem comunicativa, utilizada para o ensino de segunda língua, que no caso, seria adequada às crianças surdas. Tal discussão pode colaborar para a formação de professores dos anos iniciais do ensino fundamental, norteando-os na elaboração de métodos de alfabetização de crianças surdas e de materiais didáticos. Para o desenvolvimento deste estudo foi realizada uma pesquisa bibliográfica com base nas investigações de Leffa (1988; 2003), Fernandes (2006), Peixoto (2006) e Soares (2022). Também embasaram o presente texto documentos como a Proposta curricular para o ensino de português escrito como segunda língua para estudantes surdos da educação básica e do ensino superior: Caderno II – Anos iniciais do ensino fundamental (MEC/DIPEBS/SEMESP, 2021). Uma das conclusões é a importância de se utilizar as necessidades comunicacionais cotidianas das crianças surdas no processo de alfabetização para que o aprendizado seja funcional e significativo. Outra constatação é que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é essencial como língua de instrução.