Trazer para o universo científico discussões sobre narrativas orais, e, sobretudo, em comunidades tradicionais quilombolas, em diferentes enfoques, é trazer o centro e a borda, historicamente falando, num jogo dialético e provocante. Representa dar voz para esse ser historicamente excluído da linguagem; é tentar ler o tempo e o espaço; é a exposição da vida como obra de arte visto que o território quilombola é o local onde as ações sociais e culturais são representadas nas práticas sociais, bem como a tradição oral é a fonte histórica mais íntima para a constituição da identidade. Assim, a pesquisa objetiva compreender as narrativas dos mais velhos enquanto fonte de saberes e conhecimentos e identificar as recorrentes formas simbólicas que emergem dessas narrativas, como são percebidas, entendidas, pela comunidade quilombola. Tem como questão norteadora, de que forma essas narrativas contribuem para estabelecer a constituição identitária desses povos tradicionais? O percurso teórico metodológico do estudo tem natureza qualitativa e abordagem sócio histórica pautada na análise crítica do discurso, cujo lócus está representado pela comunidade quilombola Castainho no município de Garanhuns, agreste pernambucano nordeste do Brasil. Os resultados apontam que, é preciso reconhecer e dar visibilidade às narrativas orais como saberes que são produzidos no seio dessas comunidades tradicionais e combater todas as formas de injustiças praticadas contra esses povos.