Esta ocasião traz a oportunidade de tematizar a importância de um “pacto autobiográfico” que faço com um “diário todo meu”, ao modo de Lejeune (2008). Tenciono contextualizar a história de uma cultura escrita diarística que soma duas tradições de caminhos paralelos: “de um lado a história da escrita” e de outro a “história da leitura", resultando numa tríplice conjugação: história das normas, capacidades e usos da escrita e, por extensão, dos objetos escritos (no caso específico, manuscritos em cadernos ou folhas esparsas) e “história das maneiras e práticas de leitura” (GÓMEZ: 2003, p. 97-98). A cultura do escrito engloba a mais cotidiana das produções escritas, as notas registradas, as cartas, os escritos para si mesmo... e “há um continuum desde a prática da escrita ordinária até a prática da escrita literária” (CHARTIER, 2001, p. 84). De modo específico, esta discussão quer levar ao leitor a confirmação de que a prática diarística, enquanto tipo de escrita não escolar, pode levar seu autor ao (auto)letramento literário especializado profissional: eis o foco da abordagem que ora ofereço em contexto teórico amplo e representação pessoal como objeto de estudo. Sirvo-me, como escopo teórico, dos autores fundamentais já mencionados, e outros, como Hohlfeldt (2008), Candau (2019) e Goleman (2012).