O objetivo deste artigo é analisar o surgimento da Literatura Policial e seus desdobramentos, com ênfase em fatores históricos e literários, visando prover o professor com informações que lhe ajudem na promoção do letramento literário através do apanhado de conteúdos aqui elecados. Para tanto, apresentará um panorama crítico-teórico de obras anteriores à trilogia de contos policiais do escritor americano Edgar Allan Poe (1809-49), o fundador do gênero, bem como analisará aspectos do desenvolvimento da nova estética posteriores aos contos dele, no caso, “Assassinatos na rua do necrotério” (1841), “O caso de Marie Roget” (1842), e “A carta roubada” (1845). Este novo gênero adquiriu o status de cunho supostamente negativo de literatura de massa ou subliteratura, embora tenha sido utilizado de forma subversiva por autores de renome entre a crítica literária, a exemplo da escritora irlandesa Lady Gregory, com sua peça Spreading the news (1904), e a dramaturga americana Susan Glaspell, com Bagatelas (1916). Ambas utilizaram-se de características próprias deste gênero para empreeender críticas à opressão inglesa na Irlanda, e à opressão patriarcal, respectivamente. No caso das obras de Poe, elas se constituem em um verdadeiro estudo de caso sobre a mentalidade americana em sua dualidade em relação a Europa. Poe oscila entre uma perspectiva ora colonialista, ora póscolonialista, em um caso clássico de um autor oriundo de uma antiga colônia europeia, em busca de autoafirmação no mundo das artes. Assim, Poe ora subverte, ora reproduz ideologias imperialistas em sua contística. Esse tipo de influência histórico-cultural permeará a literatura policial dos séculos XX e XXI, e a elevará a um patamar de destaque em campos diversos, como o cinema e a literatura infanto-juvenil. Para a realização desta pesquisa, contar-se-á com o aporte teórico de Cuddon (1996), D’onófrio (1999), Lajolo & Zilberman (2007), dentre outros.