Esta pesquisa trata da relação entre as famílias homoparentais e as escolas do Agreste Pernambucano. O trabalho parte das reflexões sobre gênero e sexualidade no pós-estruturalismo, principalmente a partir de Butler (2003), entendendo que essas questões são importantes para a formulação das compreensões sobre família. Utilizamos, a teoria do reconhecimento de Butler (2016; 2018; 2019) para analisar como se dão as relações com os corpos gays e lésbicos na sociedade e, especificamente na escola, quando estes/as a compõem, como famílias, esse espaço. O objetivo da pesquisa é compreender como as famílias homoparentais são reconhecidas e integradas nas escolas do Agreste Pernambucano. Em meio a um cenário de retrocessos, em constantes combates à “suposta ideologia de gênero”, incentivada pelo pânico moral. Debruçamo-nos, igualmente, sobre estudos no âmbito da educação para discutir as formas de promover quadros de reconhecibilidade subversivos a partir dos mecanismos de democratização da escola, que reforçam o caráter plural e democrático dela. O estudo traz as vozes, os olhares e as experiências de pais gays e mães lésbicas, membros de famílias homoparentais localizadas em três municípios do Agreste Pernambucano e que possuem filhos/as estudando em escolas dessas localidades. Além disso, trazemos as perspectivas das gestoras e análise dos Projetos Políticos Pedagógicos, para conhecermos os olhares das escolas sobre essas famílias e os trabalhos que desenvolvem para promover seu reconhecimento e integração. Nesse trabalho, utilizamos como recursos metodológicos: a estratégia da triangulação, as entrevistas semiestruturadas, as conversas, a pesquisa documental e a análise de conteúdo. A pesquisa nos mostrou que as famílias homoparentais são marcadas por uma ambivalência no seu reconhecimento nas escolas do Agreste Pernambucano. São reconhecidas para o cumprimento das responsabilidades que lhes são atribuídas, mas não reconhecidas quando se trata da mesma visibilidade e representatividade que as demais famílias, especialmente a “tradicional”.