O presente trabalho objetiva refletir sobre a prática da automutilação na escola, ancorado na discussão sobre o estatuto do corpo nos ensinos de Freud e Lacan. Será realizada uma revisão de literatura em Psicanálise, a partir de bases de dados. Este estudo se justifica em decorrência do aumento da incidência da automutilação na atualidade, especialmente nas escolas e, apesar de ainda não haver estatísticas oficiais no Brasil, estudiosos apontam tratar-se de um problema de saúde pública. Além disso, ressaltamos que o que estamos nomeando como “corpo” não se refere ao corpo da perspectiva biomédica, que tem como base a anatomofisiologia. O corpo em Psicanálise é concebido como aquilo que sofre uma passagem do orgânico para o erógeno, sendo tocado pela pulsão, pela linguagem e pelo desejo, sendo isso o que diferencia os seres humanos dos outros animais. Então, o corpo é pensado aqui como uma folha em branco, onde o sujeito pode inscrever as suas experiências subjetivas. A partir disso, faremos a proposição de uma leitura psicanalítica destacando os aspectos inconscientes da autolesão, partindo do pressuposto de que, a priori, trata-se de um modo de subjetivação e não de um transtorno ou patologia, em que o sujeito, na dificuldade de empregar a palavra, se utiliza do seu corpo para expressar e/ou lidar com o seu sofrimento psíquico, endereçando ao Outro um pedido de ajuda através de um ato. Logo, apostamos que esta pesquisa promoverá deslocamentos na discussão sobre este tema, auxiliando os educadores a ter uma maior compreensão deste fenômeno, a acolher esses pedidos inconscientes de socorro e auxiliar seus alunos a buscar auxílio psicológico.