Este trabalho é fruto de intervenção em estágio curricular de Psicologia em uma escola pública do Recife, procurada pelas classes médias e com alta aprovação nos vestibulares. Acompanhou-se uma turma de 1º ano do Ensino Médio, na qual o uso do celular em sala de aula provocava conflitos junto aos educadores. Mediante observação participante, diálogos com o corpo docente e com a psicóloga escolar, percebeu-se que tais atritos constituíam questão multifacetada, envolvendo conflitos geracionais e processos de transição referentes à entrada no Ensino Médio e à vivência da adolescência. Aplicou-se o Teste de Dependência da Internet, forma validada de medir o uso prejudicial da internet, composta por um questionário de 20 perguntas com respostas dadas em uma escala Likert de pontos. O questionário foi transformado em formulário do Google Forms e respondido por 28 alunos. As perguntas com resultados mais representativos foram: “acha que passa mais tempo na internet do que pretendia?”, na qual 27,6% marcaram “sempre” e 37,9% “quase sempre”, e “se pega dizendo ‘só mais alguns minutos’ quando está conectado?”, na qual 32,1% marcaram “sempre” e 39,3 “quase sempre”. Houve debate com os adolescentes, apresentando-se, através de gráficos, os dados percentuais coletados dos formulários. Percebeu-se que transformar o TDI em formulário da internet trouxe ludicidade, como um jogo no qual responder às perguntas conduz a uma pontuação. Acredita-se ter sido esta uma estratégia apta a estimular a curiosidade e, posteriormente, o engajamento na discussão. As falas, por sua vez, revelaram ambivalências: o celular é associado a procrastinação e desatenção, mas também mencionado como recurso que permite pesquisar os conteúdos e trazer dinamicidade às aulas, como através de jogos e quizzes. Conclui-se que a utilização das tecnologias para fins didático-pedagógicos deve ser estimulada, pois desperta o envolvimento dos estudantes, como mostrou a própria intervenção realizada.