Este trabalho tem como objetivo discutir a concepção de formação política, tendo como recorte a formação escolar de estudantes dos cursos de Ensino médio integrado (EMI) dos Institutos Federais de Educação (IFs). O estudo é parte de uma pesquisa bibliográfica de natureza exploratória com uma abordagem qualitativa, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica do Ifal (ProfEPT/Ifal-CABB), na linha de Organização e memórias dos espaços educativos da Educação profissional e tecnológica (EPT). O interesse pelo tema é decorrente das polêmicas em torno da concepção de formação política na educação escolar que, nas últimas duas décadas, tem sido marcada por contradições. De um lado uma concepção reacionária e conservadora que, por meio do movimento Escola sem partido, concebe a formação política como doutrinação ideológica, defendendo, até mesmo, a criminalização do trabalho pedagógico quando relacionado à política; de outro, uma concepção histórico-crítica que concebe a formação política como parte da formação humana e profissional das novas gerações e defende sua prática na escola. No que diz respeito ao universo dos IFs e do EMI, o trabalho pedagógico de formação profissional é estruturado em torno de quatro dimensões – trabalho, cultura, ciência e tecnologia – que demandam a compreensão dos entornos políticos de seu desenvolvimento para se concretizarem como dimensões formativas. Neste sentido, a EPT e o EMI são espaços pedagógicos que, sem a formação política, esvaziados, restringem-se à instrumentalização técnica do trabalhador, pois a formação política é parte intrínseca do processo formativo das novas gerações de profissionais cuja compreensão do mundo do trabalho demanda a apreensão das mediações políticas que constituem a ação profissional. Neste sentido, a formação política é um elemento necessário à construção da autonomia, uma parte essencial da formação profissional de sujeitos capazes de compreender a realidade e de atuar sobre ela de modo intencional e consciente.