Considerando que o trabalho não é algo natural e deve ser ensinado na vida em sociedade, e que este saber depende da aprendizagem, podendo ser assimilado na família, na igreja, na escola, na cidade, no brincar, entre outros círculos sociais, a “educação para o trabalho” tem o objetivo de formar o trabalhador em vários sentidos, inclusive nas dimensões éticas, morais e comportamentais. Neste sentido Altmann (1999), Olinto (2011) e Auad (2012) afirmam que desde a infância meninos e meninas são educados de formas diferentes, e a partir desta socialização as mulheres são levadas a seguir caminhos marcadamente diferentes, daqueles escolhidos pelos homens. Segundo Sousa e Altmann (1999) desde o ensino da educação física escolar, manteve-se a ideia de práticas “femininas” e “masculinas”, e esta concepção se reflete nas normas, no espaço físico, nas técnicas e nos conteúdos de ensino, sejam eles a ginástica, os jogos ou esportes. Nesta pesquisa buscamos refletir sobre as relações sociais de sexo/gênero no campo das lutas e artes marciais e demonstrar por meio de uma revisão teórico-bibliográfica e de dados coletados em pesquisa qualitativa, os desafios e possibilidades encontrados pelas mulheres no mundo das lutas e artes marciais, um campo majoritariamente “masculino”, historicamente considerado inapropriado para mulheres. Como base teórica, buscamos os estudos das autoras Helena Hirata (2003), Danièlle Kergoart (2007) e Gilda Olinto (2011), como base histórica recorremos às autoras Ana Miragaya (2002), Ludmila Mourão (2000, 2002), Katia Rubio (1999, 2003) e Helena Altmann (1999) acadêmicas reconhecidas no estudo de gênero no campo da educação física e como base empírica utilizamos a pesquisa realizada pela autora Ester Bernabé (2021) com mulheres instrutoras de Jiu-jitsu, que demonstrou as assimetrias nas relações sociais de sexo/gênero no campo das lutas e artes marciais, considerado um ambiente hostil para as mulheres.