O lúdico faz parte da natureza humana; aprendemos a ler o mundo e criar possibilidades enquanto brincamos. O projeto busca investigar jogos, brinquedos e brincadeiras nas memórias de infância como narrativas de poéticas de vivências e experiências estéticas como poéticas da existência. Paulo Freire com suas memórias de alfabetização, narra sua aprendizagem da leitura e escrita antes da decifração do código; o entorno sensorial no qual estava imerso, descreve sua “leitura do mundo”. Assim, pensar o lúdico na arte e na educação é buscar o desenvolvimento da formação do ser como humano em sua interação com o meio, suas construções individuais e coletivas; é buscar a estética da vida, com aísthesis, na radicalidade de “sentir com os sentidos” na elaboração poética. Os ambientes de formação são permeados de ações lúdicas nas interações humanas. Os aspectos educativos, materiais e práticas pensadas para o desenvolvimento humano devem procurar na sua elaboração, elementos lúdicos (HUIZINGA; KISHIMOTO; BROUGÈRE) que trabalham a aprendizagem da vida, no diálogo do construir-se e reconstruir-se, ação poética que dialoga com o bem-viver. Nessa construção permanente da existência humana como poiésis questionamos: como as memórias de jogos, brinquedos e brincadeiras da infância transversalizam as poéticas da existência de cada sujeito? Como os rastros dessas memórias se materializam nos objetos do lúdico? Que objetos são esses que carregam em si aspectos da Arte? Como expressões de cultura, o que dizem dos lugares sociais? A pesquisa é de abordagem qualitativa, na qual os dados são analisados frente ao referencial teórico da Análise de Conteúdo. Os resultados iniciais indicam a importância do lúdico na formação de professores, para que os docentes estejam sensíveis às particularidades e atentos aos processos do outro como legítimas formas de aprendizagem, o que fortalece a construção de diálogos como pontes na arte e educação.