A cidade do Recife é acometida, frequentemente, por alagamentos e enchentes decorrentes da atuação de Eventos Pluviais Extremos, da dificuldade de drenagem resultante das características topográficas e altimétricas do seu ambiente de planície fluviomarinha e, sobretudo, da artificialização dos espaços promovida pelo processo de urbanização acelerada. O modelo de planejamento urbano e a ineficiência da gestão de risco implementada pelas autoridades municipais são responsáveis pelo aumento considerável da magnitude e recorrência desses desastres naturais. Como resultado do fracasso das políticas de urbanismo, as localidades mais acessíveis à habitação (áreas planas, secas e aterradas) foram, historicamente, ocupadas pela classe mais abastada economicamente em função da especulação imobiliária, fazendo com que a população pobre fosse obrigada a se estabelecer nas áreas mais susceptíveis à ocorrência de impactos socioambientais. Por conseguinte, o objetivo do presente trabalho foi compreender a dinâmica climática do Recife, seu processo de ocupação e as políticas públicas de prevenção aos episódios de alagamentos e enchentes nas áreas periféricas do Recife. A análise pautou-se no levantamento bibliográfico e documental; participação em reuniões do grupo de pesquisa; produção de fichamentos e resumos; apresentação de seminários; a realização de trabalhos de campo; e a efetuação de entrevistas com os moradores das comunidades afetadas. Tal pesquisa teve como principais resultados o desenvolvimento de métodos capazes de auxiliar na elaboração de projetos de governo para o enfrentamento dos alagamentos e enchentes; bem como a construção de relatórios e produções bibliográficas sobre o tema, obtendo assim conclusões tanto teóricas quanto práticas. Percebe-se, portanto, que as mudanças ambientais causadas pelo ser humano atreladas a rápida expansão urbana são fatores que aumentam a vulnerabilidade das populações periféricas e que tendem a afetar negativamente o cotidiano e a vida dessas pessoas.