É recorrente a preocupação em tornar o ensino de ciências mais significativo e contextualizado. Mas, paralelo a esse movimento, tem aumentado os questionamentos sobre as alternativas para a materialização desse propósito, principalmente no que se refere a como aproximar os fundamentos filosóficos da Ciência das propostas de ensino. Haverá limites no processo de ensino e de aprendizagem caso não seja possível compreender o pensamento científico, por meio da lógica; expressá-lo em símbolos, gerais e específicos da linguagem científica, valendo-se da gramática, bem como, comunica-lo, via retórica, de modo inteligível ao outro. Nas ciências naturais, a lógica desempenha papel fundamental, sem ela a própria atividade científica estaria comprometida. A exemplo, podemos recorrer ao fato de que nenhum químico visualizou um átomo. No entanto, essa pequena partícula representa um objeto exaustivamente estudado por esse campo do conhecimento. Da mesma forma, a gramática e a retórica dão sentido e significado aos fenômenos abordados, influenciando no desenvolvimento de capacidades cognitivas superiores. Neste artigo, discutimos a importância das artes liberais - lógica, gramática e retórica como alternativa à melhoria do desempenho acadêmico no campo disciplinar da Química. Temos por justificativa a necessidade de construir fundamentos para a ampliação do campo de pesquisa sobre este tema. Trata-se de um levantamento bibliográfico, com ênfase na análise do livro do Trivium, escrito pela Ir. Miriam Joseph, na década 1940, com intuito de situar a problemática e sua articulação com o ensino e a aprendizagem de ciências. As artes linguísticas não são necessárias apenas aos estudantes para que aprendam, mas também aos(as) professores(as) de Química, para que saibam explicar com clareza os assuntos da matéria, esquivando-se das armadilhas de transmitir fórmulas e conceitos prontos.