A Educação das Relações Étnico–Raciais (ERER)foi normatizada pelas Leis 10639/03 e 11.645/08, estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira e indígena nos currículos com o objetivo de reconhecer e valorizar as contribuições desses povos na formação escolar. Essa temática é importante para uma formação antirracista de educadores e educandos. O presente estudo traz o relato de experiência do uso de um anime como recurso paradidático para abordar conteúdos que relacionam a ERER ao ensino de ciências,a partir da história do racismo científico, e contribuir para uma formação antirracista na formação de professores de Biologia, a partir do uso do anime One Piece – Arco da Ilha dos Homens Peixe. O uso de animes em sala de aula é promissor devido sua popularidade entre os jovens e diversidade de temáticas abordadas. Nesse trabalho relatamos a realização de uma intervenção didática, em março de 2023, na disciplina de Didática da Biologia, do curso de licenciatura em Biologia, da Universidade Federal de Sergipe, Campus de Itabaiana. A intervenção foi composta por dois momentos. (i) Abordagem da história do racismo científico; (ii) Uso de cenas selecionadas do anime como recurso para articular o racismo científico e a ERER. Durante a intervenção, observamos a potencialidade metodológica do anime para a mobilização da ERER e engajamento da turma a partir da participação ampla dos estudantes. A partir das interações discursivas que emergiram no debate sobre as cenas do anime, observamos que os alunos conseguiram associar as cenas com temáticas associadas a história do racismo científico, como a inferiorização de povos africanos e o holocausto, e suas consequências para as relações étnico-raciais. Consideramos que a aplicação possibilitou aos futuros professores de Biologia uma compreensão acerca da importância de materiais didáticos inovadores para mobilizar a ERER em sala de aula.