A figura do ancião, na sociedade, produz um baú de memórias do antigo no novo. Ele é o portador de saberes antigos, empíricos, para a contemporaneidade. Na Literatura, o conto surgiu para ser um portador escrito, eternizado e atemporal, da tradição oral, que transmite ritos, de geração em geração. O griô, portanto, se caracteriza na pessoa mais velha que narra histórias de ficção para que os ensinamentos sejam passados adiante. O trabalho pretende identificar a cultura presente na voz do personagem ancião de contos da literatura infantil africano e indígena. A pesquisa se caracteriza como qualitativa e exploratória, em que está apoiada no que Culler (1999) entende por literatura, Meireles (2016) sobre literatura infantil, Campos e Amarilha (2015; 2022) no conceito de literatura infantil negra e perpetuação da cultura na figura do griô, Chauí (1982) quanto à cultura e Thiél (2013) nas reflexões acerca a literatura dos povos indígenas. O corpus do estudo se configura em dois livros: Anansi, o velho sábio, de Kaleki e Gotting (2007), conto da tradição africana, que versa sobre a mitologia axânti e; A boca da noite, de Wapichana e Lima (2016), que traz elementos da cultura indígena do povo Wapichana, incluindo-se a sabedoria do personagem mais velho. Justifica-se a partir da necessidade de refletir sobre as implicações do trabalho com a Literatura para o cumprimento da Lei 10.639/2003, atualizada pela Lei 11.645/2008, que obriga o ensino da História e Cultura africana e indígena na sala de aula. Nas análises dos contos foi observado que, em ambas as obras tem-se a imagem do ancião (homem) como o guardião da cultura, responsável por preservar os costumes e crenças. A contação de história pela figura do griô apresenta teor moral e educativo, seguindo a fórmula dos contos de exemplo de instruir e divertir.