O homem é um ser social e ritual. Desde o princípio dos tempos, ele ritualiza a vida em todos os seus aspectos, desde questões comunitárias e sociais, como os ritos de caça e guerreiros iniciáticos, o casamento, os funerais. Sempre teve relações com a natureza, sacralizadas pelo mistério e consolidadas pela dependência, de modo que todos os ritos que nos chegaram aos dias atuais têm seu nascedouro ancorado no mundo primitivo, especialmente nos cultos agrários. . Desta forma, a exemplo dos festejos do ciclo junino, também a Malhação de Judas, tem sua origem na tradição pagã dos povos da Europa, Ásia e África, que festejavam as divindades protetoras da fertilidade e da colheita quando se aproximava a chegada do verão no Hemisfério Norte e que foram transportadas para o calendário católico. Esse é um movimento social/cultural vivenciado desde a infância pela maioria dos olho-d’aguenses, já que a cidade é majoritariamente católica, e muitos participaram ativamente desse ritual, desde a arrecadação de sucatas, roupas velhas, alimentos não perecíveis, construção do boneco judas até a malhação propriamente dita. A incidência dessa tradição no município de Olho D’Água ocorre antes do início da sua emancipação política em 1961, e tem sobrevivido devido a resistência do senhor, Sebastião Bezerra, que aos 90 anos, ainda organizar a mais tradicional Malhação de Judas, no centro da cidade. E apesar das poucas referências e do descaso de muitos folcloristas e sociólogos brasileiros sobre a temática, aliadas a pouca ou nenhuma viabilização política e econômica para a manutenção dessa tradição.