Intentamos analisar as representações imagéticas da população negra no livro didático (LD) de Ciências do 9º ano do ensino fundamental (EF), PNLD/2017, adotado pela rede pública municipal de educação da cidade de Itapiúna (CE). Trata-se de um recorte de uma pesquisa de mestrado concluída junto ao PPG Interdisciplinar em Humanidades, Unilab (CE). Metodologicamente, escolhemos a coleção utilizada nas escolas públicas de Itapiúna (CE), EF II, e desta selecionamos, o “corpus” referente ao LD de Ciências Naturais: Aprendendo com o Cotidiano, do 9º ano, no qual contém 14 capítulos, analisando as iconografias das capas, das aberturas das unidades e as imagens que se relacionam às temáticas abordadas nas unidades que retratam a pessoa negra. Analisamos as imagens à luz do Parecer 03/CNE/CP/2004, das representações em Chartier (2002) e das categorias raça, racismo, preconceito, discriminação racial e identidade negra, atrelada a Análise de Conteúdo em Bardin (2011). Das 89 iconografias analisadas, evidenciamos: uma sub-representação imagética de personagens negros sobretudo da mulher negra; taxa de branquitude de 2,4, conferindo privilégio de fala a pessoa branca; ausência de cientistas afrodescendentes e a presença de estereótipos raciais negativos da pessoa negra. A partir da análise do povo negro no presente LD, constatamos que, no que diz respeito a implementação de uma educação intercultural, antirracista e antissexista, que não apenas evite a reprodução de hierarquias e “o opaco mundo da ciência brancocêntrica” (FONSECA, 2022), mas também as combata, ainda está em andamento no ensino de ciências. Entre progressos e obstáculos, evidencia-se uma série de desafios ligados à força, ainda hegemônica, de uma concepção euro-norte-americana de perspectivar ciências. Concluímos que há um “alinhamento” pontual das representações frente aos três princípios do Parecer CNE/CP 003/2004, contudo, permanece o conteúdo racista no que diz respeito às representações imagéticas ao representar a/o negra/o em situações estereotipadas.