O educador Carlos Libâneo defende que uma boa prática de ensino envolve a seleção adequada de conteúdo, objetivo e método. Ao mesmo tempo, o geógrafo Milton Santos propõe a ideia de forma-conteúdo: a materialização de símbolos técnicos e culturais, que são capazes de ensinar. Diante do exposto, este trabalho sintetiza como as formas-conteúdos miltonianas são também conteúdos, objetivos e métodos na perspectiva de Libâneo. Para esta investigação, utilizamos a fenomenologia e o método fenomenológico como responsável por articular estes dois pensadores afim de analisar os discursos intencionais humanos que atribuem valor e significado às formas-conteúdo na sua função de objetos de aprendizagem. Assim, o trabalho constitui em sua essência uma visão fenomenológica da educação geográfica. Os principais referenciais teóricos utilizados são as obras 'Didática', 'O Espaço do Cidadão' e 'A Natureza do Espaço', além de trechos de obras complementares como 'Topofilia' e 'Espaço e Lugar' (ambas de Yi Fu Tuan), 'Filosofia da Caixa-Preta' e 'Fenomenologia do Brasileiro' (ambas de Vilém Flusser), 'Psicopolítica', 'A Agonia de Eros' e' Não-coisas' (de Byung-Chul Han) e, por fim, 'Pedagogia da Autonomia' e 'Pedagogia do Oprimido', de Paulo Freire. Essa análise da educação geográfica pela fenomenologia permitiu compreender como os espaços contém (e deixam de conter) símbolos e signos capazes de orientar o desenvolvimento de noções reguladoras da ação humana através do sentido amplo da educação. Além disto, notou-se a ênfase que a disciplina de geografia constitui no currículo da educação escolar, pois ela se propõe como elo essencial entre sujeito e apropriação de espaços que formam cidadãos capazes de observar, ler e significar os ambientes da sociedade.