O presente trabalho é parte de uma pesquisa de doutorado em andamento. Trata-se de uma investigação que aspira o diálogo entre a teoria da afetividade do filósofo Baruch Spinoza e a teoria histórico-cultural do pensador bielorusso Lev Semionovitch Vigotski. A filosofia de Spinoza demonstra a passagem da passividade para a atividade por meio do conhecimento; da transformação e educação da afetividade humana. Inspirado em Spinoza, Vigotski afirma a unidade indivíduo e meio social e defende que a atividade guia e impulsiona o desenvolvimento humano. Cada autor desenvolveu suas reflexões em um locus, ou seja, numa sociedade específica, porém, é possível sustentar que suas ideias possibilitam o questionamento e o diálogo com parâmetros estabelecidos pela sociedade contemporânea, em especial, no campo educacional. Na obra dos dois autores, não há um apelo ao mundo transcendental, ao absoluto, estuda-se a partir da realidade material, que apresenta a necessidade de investigar como ela se transforma, se desenvolve, isto é, entender seus determinantes, os aspectos que possibilitam a emergência da mudança. Tendo por base o pensamento dos dois autores, apresenta-se a hipótese de que condições favoráveis estimulam afetos ativos nos indivíduos e o acesso aos instrumentos culturais possibilita a participação ativa dos mesmos, isto é, possibilita que assumam o protagonismo no mundo. Defende-se que o trabalho na escola não pode se restringir apenas à aplicabilidade de conhecimentos, mas principalmente, ao domínio deles para um estar no mundo de forma soberana, emancipada e livre, ou seja, de forma ativa.