Este trabalho em andamento propõe a tecitura de caminhos possíveis ao que se refere o ensino de África. Nesse sentido, vemos a relação entre a História e a Literatura acompanhada por inúmeras discussões quanto às proximidades e divergências entre ambas, essa pesquisa se dá pelo seu entrelaçamento, buscando, a partir da obra de "escrevivência" da ruandesa Scholastic Mukasonga, um ensino em prol de desmontagens da História Oficial. Em "Nossa Senhora do Nilo" verifica-se além de um romance cativante, uma historicidade, e esta, partindo de um olhar africano provoca reflexões quanto ao contexto social de Ruanda, conversão dos grupos sociais, ideias vindas de um racismo científico e, sobretudo, as formas de resistências explícitas, revelando que o processo de descolonização iniciou junto a colonização. No âmbito escolar, frequentemente, percebe-se como a história de África é invisibilizada e ensinada sob a lógica colonial, que inferioriza e esconde o conhecimento africano, relegando-o a um continente que deixou-se ser colonizado. Em sua obra, Mukasonga revela por meio de seus personagens como este olhar branco-centrado esteve equivocado. Portanto, a proposta baseia-se em inserir a literatura africana no ensino de história. Revisitando metodologicamente a História Cultural e a pedagogia decolonial para a realização de interferências no processo de formação escolar de estudantes do ensino básico, um universo literário que viabiliza o ensino de África que não a coloque no lugar da subserviência.