O trabalho tem por objetivo discutir as relações entre os princípios da educação popular e da educação do campo numa perspectiva de desenvolvimento local frente o contexto societário que gera antagonismos. O estudo se baseia na pesquisa qualitativa e bibliográfica utilizando-se principalmente de Carlos Rodrigues Brandão e Conceição Paludo para discutir a educação popular, Roseli Salete Caldart e Marilene Santos para abordar a educação do campo. Neste sentido, a educação do campo constitui-se na luta pelo direito da educação diferenciada aos povos do campo, travada em um contexto de luta pelo acesso à terra, sua territorialidade e ao trabalho. Tendo em vista um contexto de diferenças cada vez mais presentes na sociedade, a educação popular pode ser concebida como um direito de todas as pessoas, servindo ao seu propósito quando, com suas práticas, oferece condições para a autonomia do indivíduo e também reforça o sentimento de pertencimento, tanto dos educadores quanto dos educandos, que se assumem indivíduos políticos em movimento de constante mudança. Assim, a estreita relação entre educação popular e educação do campo oferece possibilidades de atuação que respeitem a origem dos indivíduos, vistos a partir de seus contextos de produção e atuação para a superação de antagonismos presentes na sociedade. Trata-se de uma reflexão sobre contextos educativos que promovam o desenvolvimento local, orientados por uma educação popular refundamentada que olhe para todos os indivíduos, como sujeitos de direitos com demandas diferentes que podem dialogar e juntos, arquitetar a construção de uma sociedade que não seja pura e simplesmente outra hegemonia, mas, um lugar que priorize a vida humana de maneira digna.