São nas investidas científicas sobre um árduo e recente passado da história da educação brasileira que este trabalho se constitui. Em foco está o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) – movimento estudantil de extrema direita criado, em 1963, por discentes das faculdades de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Presbiteriana Mackenzie – e seu papel na concretização e consolidação do golpe militar de 1964. Pertencentes às classes mais abastadas de São Paulo, esses estudantes forjam a organização que neste empreendimento é apresentada e analisada em sua faceta exclusivamente estudantil, entre os anos de 1963-1968, momento em que o CCC atua por meio de seu anticomunismo nacionalista extremo, sob adoção de ações terroristas na caçada aos opositores “comunistas”. Para esta empreitada investigativa, dentre outros, acessamos autores como Bonet (2000), Lopes (2014) e Motta (2020). Quanto aos procedimentos metodológicos, destacamos a estruturação de uma pesquisa de abordagem qualitativa, de caráter explicativo quanto aos objetivos e bibliográfica quanto aos procedimentos técnicos. Tais passadas nos permitiram compreender o CCC enquanto destacada organização de extrema direita a contribuir para o golpe, sua continuidade e fortalecimento; algo possível, inclusive, por meio de suas ações extremadas dentro dos espaços acadêmicos (e não apenas) amplamente financiadas e acobertadas pelo poderio ditatorial militar governante. Conjuntura esta em que os anticomunismos, em suas variadas versões, encontram solo fértil para sua difusão e possibilitam o surgimento de tantos outros grupos estudantis de direita e de direita extrema. Estes, tal qual o CCC, fortalecendo-se nas ações de terror, e nelas suportando e fortalecendo suas convicções, informam-nos dos enredos da história da educação brasileira em sua faceta estudantil e o faz através de importantes indicativos acerca daquele tempo e do nosso, tendo em vista as permanências que se manifestam.