O presente trabalho realiza uma análise da obra educacional do filósofo fluminense Álvaro Vieira Pinto (1909-1987), cujo principal objetivo se encontra na discussão de sua crítica direcionada ao que chamou de “má fé” escolar. Para o filósofo a educação possui uma nociva dose de desconfiança em relação ao outro onde, ao invés de ser dialógica, acaba ganhando contornos verticais e de poder nocivo ao processo de ensino-aprendizagem. Em síntese, sua obra aponta para a produção e reprodução de estruturas e práticas educativas que recepcionam pessoas sem, todavia, depositar nelas a confiança de que podem ser protagonistas no mundo da vida. A delimitação metodológica se enquadra na dimensão qualitativa-bibliográfica onde, para o desenvolvimento do conceito de má fé neste autor, nos deteremos em uma de suas obras de cunho educacional. Os resultados de nossa análise evidenciam uma filosofia da educação crítica em pelo menos três aspectos. O primeiro deles se refere ao reconhecimento do outro como sujeito no mundo e, como tal, mais do que capaz de realizar conquistas e de se desenvolver como sujeito histórico. Em segundo lugar, este sujeito não carece de conhecimentos, mas sim, de aprimoramentos para viver melhor e, assim, não é presenteado por qualquer ato de bondade ou coisa do gênero. Antes ele é um igual em compartilhar experiências e o seu fazer-se no mundo que, através de uma postura didática horizontal, tanto educadores como educandos conseguem compartilhar e receber conhecimentos. Por fim, acabar com a má fé escolar só se torna possível se seu espaço for compreendido e apropriado como um lugar de encontro e não de presentes ou de pura recepção. Sua pluralidade não está apenas nas pessoas, mas, principalmente, na diversidade de estratégias de sobrevivência em uma sociedade desigual e hostil para os despossuídos dos marcadores de classe e de diferenciação.