Este trabalho tem como objetivo analisar o potencial das contribuições teóricas de Paulo Freire e bell hooks, de maneira interseccionada, na promoção de um ensino de biologia pautado em uma práxis antiopressiva de educação. Tendo a relevância de suas produções para o campo da educação já amplamente debatida, é consenso que estes dois intelectuais, representantes da pedagogia crítica, têm o potencial de direcionar um ensino que busca a transformação social, comprometido com as questões e agências dos(as) oprimidos(as), subalternizados(as), buscando o entendimento acerca das dinâmicas que sustentam as relações de exploração e dominação em nossa sociedade e dos espaços de ação para a resistência. Para isso, elenco três fundamentos das teorizações dos dois autores que entendo contribuem diretamente para esse fim: dialogicidade, consciência e engajamento críticos e compromisso com a transformação social. Em seguida, desenvolvo brevemente os pressupostos e as principais abordagens da educação antiopressiva e como Freire e hooks, em uma pedagogia freire-hookiana, podem contribuir para tal. Finalizo apresentando um breve panorama sobre a relação entre uma educação antiopressiva e o ensino de biologia no Brasil, principalmente aquelas iniciativas que vêm – algumas já há bastante tempo - problematizando o ensino de biologia acrítico e descontextualizado, propondo novas maneiras e estratégias de promoção de um ensino engajado com as pautas sociais e, por isso, mais humanizado.