A pandemia da Covid-19 que se instaurou no mundo no final de 2019 reorganizou a dinâmica de funcionamento de diversos setores sociais, sendo a educação um dos mais afetados. Nessa realidade, na tentativa de buscar subsídios para o ensino de literatura no modo remoto, realizou-se ação pedagógica em uma turma de 3ª série do ensino médio, a partir do romance “Menino de Engenho”, do escritor paraibano José Lins do Rego, publicado em 1932, e que se configura como fonte de conhecimento histórico, social, literário e linguístico. Nesta ação, desenvolvida entre junho e outubro de 2021, buscou-se promover o letramento literário dos alunos, além de contribuir para a formação do repertório sociocultural. A opção por trabalhar uma obra literária dessa natureza deveu-se a três fatores: a) a importância no que diz respeito ao Regionalismo e à funcionalidade da língua falada; b) o diálogo interdisciplinar entre a História e a Literatura, visando a reflexão acerca da contribuição dos estudos sociais, dos tipos regionais e na construção da identidade cultural nordestina; c) o estudo das variações linguísticas como forma de valorização dos elementos históricos e formadores de identidades. Metodologicamente, foram utilizadas as propostas de Cosson (2006), que reflete sobre o trato com o texto e a leitura literária em sala de aula, bem como as reflexões acerca do ensino de língua, variação e letramento a partir de Marcuschi (2008), Bagno (1999) e Koch (2008). Para refletir sobre o regionalismo a ser analisado na obra, utilizou-se a tese “A invenção do Nordeste e outras artes” (2001), de Albuquerque Jr. Ao final do processo, constatamos um ensino ressignificado dos espaços de aprendizagens através da Linguagem e da Literatura pela sua função humanizadora que invariavelmente se reflete na vida cotidiana.